O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno psiquiátrico
comum, com prevalência durante a vida estimada entre 0,3% e 2,2% em
adultos e aproximadamente 0,7% em crianças e adolescentes, de acordo com
dados baseados no Composite International Diagnostic Interview
(CIDI).
O TOC caracteriza-se pela presença de
pensamentos, idéias ou imagens intrusivos e involuntários que provocam
ansiedade (obsessões) e por rituais mentais ou comportamentais
realizados para neutralizar a ansiedade (compulsões).
Como um disco riscado
que se põe a repetir sempre o mesmo ponto da gravação, eles ficam patinando
dentro da cabeça e o único jeito para livrar-se deles por algum tempo é
realizar o ritual próprio da compulsão, seguindo regras e etapas rígidas e
pré-estabelecidas que ajudam a aliviar a ansiedade. Alguns portadores dessa
desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer-lhes. No
entanto, a ocorrência dos pensamentos obsessivos tende a agravar-se à medida
que são realizados os rituais e pode transformar-se num obstáculo não só para a
rotina diária da pessoa como para a vida da família inteira.
Em um estudo realizado com 70 pacientes com
diferentes tipos de transtornos de ansiedade, observou-se que
pacientes com TOC têm menor probabilidade de remissão espontânea dos
sintomas se comparados a pacientes com transtornos de pânico e de
ansiedade social. Desde a década de 70, diversos estudos mostraram que
terapias de base cognitivo-comportamental são tratamentos
eficazes que produzem uma melhora em 60-85% dos pacientes com TOC.
Existem dois tipos de TOC:
a) Transtorno obsessivo-compulsivo
subclínico – as obsessões e rituais se repetem com frequência, mas não
atrapalham a vida da pessoa;
b) Transtorno obsessivo-compulsivo
propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da compulsão que
alivia a ansiedade.
As causas do TOC não estão bem
esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial. Estudos
sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas
cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e histórico familiar
também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
Em algumas situações, todas as
pessoas podem manifestar rituais compulsivos que não caracterizam o TOC. O
principal sintoma da doença é a presença de pensamentos obsessivos que levam à
realização de um ritual compulsivo para aplacar a ansiedade que toma conta da
pessoa.
Preocupação excessiva com limpeza e
higiene pessoal, dificuldade para pronunciar certas palavras, indecisão diante
de situações corriqueiras por medo que uma escolha errada possa desencadear
alguma desgraça, pensamentos agressivos relacionados com morte, acidentes ou
doenças são exemplos de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo.
Em geral, só nove anos depois que
manifestou os primeiros sintomas, o portador do distúrbio recebe o diagnóstico
de certeza e inicia do tratamento. Por isso, a maior parte dos casos é diagnosticada
em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa acometer crianças a
partir dos três, quatro anos de idade.
Na infância, o distúrbio é mais
frequente nos meninos. No final da adolescência, porém, pode-se dizer que o
número de casos é igual nos dois sexos.
O tratamento pode ser medicamentoso
e não medicamentoso. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da
recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam.
A terapia cognitivo-comportamental é
uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu
princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando
pelos sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se
associam os dois tipos de abordagem terapêutica.
É sempre importante esclarecer o
paciente e sua família sobre as características da doença. Quanto mais a par
estiverem do problema, melhor funcionará o tratamento.
* Não há quem não tenha
experimentado alguma vez um comportamento compulsivo, mas se ele se repete a
ponto de prejudicar a execução de tarefas rotineiras, a pessoa pode ser
portadora de transtorno obsessivo-compulsivo e precisa de tratamento;
* Crianças podem obedecer a certos
rituais, o que é absolutamente normal. No entanto, deve chamar a atenção dos
pais a intensidade e a frequência desses episódios. O limite entre normalidade
e TOC é muito tênue;
* Os pais não devem colaborar com a
perpetuação das manias e rituais dos filhos. Devem ajudá-los a enfrentar os
pensamentos obsessivos e a lidar com a compulsão que alivia a ansiedade;
* O respeito a rituais do portador
de TOC pode interferir na dinâmica da família inteira. Por isso, é importante
estabelecer o diagnóstico de certeza e encaminhar a pessoa para tratamento;
* Esconder os sintomas por vergonha
ou insegurança é um péssimo caminho. Quanto mais se adia o tratamento, mais
grave fica a doença.
Alessandra Begatti Victorino
Neuropsicológa pela UNIFESP, Colaboradora na Neurologia Geral e Ataxia na UNIFESP, Psicóloga especialista em Terapia Comportamental Cognitiva (TCC).
CRP: 06/75694
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